
Sentença histórica visa combater crimes de ódio no futebol
Em um desdobramento impactante que reverberou por toda a Europa, a Justiça da Espanha condenou nesta segunda-feira (16) quatro indivíduos pela exibição de um boneco enforcado com o nome do atacante Vinicius Júnior, pendurado em uma ponte de Madri, em janeiro de 2023. O caso, amplamente repudiado à época, foi classificado como crime de ódio e ameaça contra o jogador brasileiro do Real Madrid.
O principal acusado recebeu a pena mais dura: 15 meses de prisão por crime de ódio e outros sete meses por ameaças, totalizando 22 meses de reclusão. A sentença levou em consideração a divulgação de fotos e vídeos do boneco nas redes sociais, o que, segundo o tribunal, ampliou ainda mais o alcance e os danos causados pela ação. O réu foi julgado com base no artigo 510 do Código Penal espanhol, que trata de crimes de discriminação e intolerância.
Envolvidos punidos
Os outros três envolvidos também foram punidos com sete meses de prisão por crime de ódio e mais sete por ameaça. Além da pena de reclusão, todos receberam multas que variam entre 720 e 1.084 euros, o que equivale a aproximadamente R$ 4.600 a R$ 7.000.
As medidas também incluem uma ordem de afastamento de Vinicius Júnior, com o objetivo de garantir a segurança do atleta. Depois desse episódio, o atleta brasileiro continuou sendo alvo de racismo em outras partidas da La Liga e se tornou símbolo da luta contra o racismo no futebol.

Vini Jr vem sendo um símbolo da luta contra o racismo no futebol (Photo by Denis Doyle/Getty Images)
O episódio ocorreu poucas horas antes do clássico entre Real Madrid e Atlético de Madrid, em 26 de janeiro de 2023. O boneco pendurado, que trazia a frase “Madri odeia o Real”, foi interpretado como uma ameaça explícita ao jogador e atribuído a torcedores radicais do Atlético. O caso provocou uma onda de indignação internacional e acendeu o alerta sobre o racismo nos estádios espanhóis, especialmente contra atletas negros.
Reações e desdobramentos
Segundo o jornal espanhol Marca, os quatro condenados redigiram uma carta pedindo desculpas a Vinicius Júnior, ao Real Madrid, à La Liga e à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Ainda assim, a decisão judicial é vista como um marco no combate à intolerância no esporte.

Veja também
Vinicius Júnior será alvo de música provocativa contra Valencia após perda da Bola de Ouro
Em nota oficial, a La Liga celebrou a condenação como uma vitória contra o preconceito: “Essa decisão marca um forte passo à frente na luta contra o ódio e a discriminação no esporte. A La Liga reafirma seu compromisso inabalável de erradicar qualquer forma de racismo, violência ou intolerância dentro e fora dos estádios”.